Movimento Roessler

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(Publicado emCom o objetivo de preservar e de disponibilizar ao público parte do patrimônio e da história do Movimento Ecológico Gaúcho, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) está repassando ao Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, por meio de uma parceria com a Secretaria da Cultura, grande quantidade de material sobre o pioneiro ecologista Henrique Luiz Roessler (imagem ao lado), patrono do órgão ambiental. São cartazes, panfletos, fotos, documentos oficiais assinados e outros que testemunham o trabalho de uma vida que deu origem ao movimento ambientalista no Estado e no Brasil.

O repasse do material será oficializado durante cerimônia nesta quinta-feira (12), a partir das 14h, no Salão Negrinho do Pastoreio do Palácio Piratini (Praça Marechal Deodoro, s/n.°; centro de Porto Alegre). Na ocasião, serão lançadas as Resoluções da Confema 2002 (Conferência Estadual do Meio Ambiente) e assinado o Decreto de Criação do Parque Estadual de Itapeva, em Torres. Estarão presentes: o governador Olívio Dutra; os secretários estaduais do Meio Ambiente, Claudio Langone; da Cultura, Luiz Marques; o diretor-presidente da Fepam, Nilvo Luiz Alves da Silva; outras autoridades públicas; Maria Luiza Roessler, neta do pioneiro ecologista; além de ambientalistas e interessados na causa ecológica. O evento será aberto ao público.

PIONEIRISMO – A história moderna mostra que a preocupação com a degradação ambiental em nosso país não é recente e nem exclusiva dos ecologistas. Ainda na época de Colônia Portuguesa, alguns brasileiros já manifestavam seu descontentamento com o uso irracional dos recursos naturais e alertavam sobre os efeitos que isso poderia ter para o futuro do país. “Destruir matos virgens, e sem causa, como até agora se tem praticado no Brasil, é extravagância insofrível, crime horrendo e grande insulto feito à natureza. Que defesa produziremos no tribunal da razão quando nossos netos nos acusarem de fatos tão culposos?”, perguntava José Bonifácio, em 1821 (*). Na época, no entanto, suas palavras não encontraram eco numa ação prática em benefício da preservação.

Quase uma década após a Abolição da Escravatura, no dia 16 de novembro de 1896, nascia Henrique Luiz Roessler, em Porto Alegre. Com pouca idade, foi levado pela família para o município de São Leopoldo, no Vale do Rio dos Sinos. No fim da década de 30, deixando um pouco de lado a rotina burocrática, começa efetivamente seu trabalho em defesa do ambiente gaúcho. Atuando como voluntário, obteve o cargo de Delegado Florestal para o Rio Grande do Sul, quando desenvolveu ampla ação contra a caça e a pesca predatórias, contando com quase 400 colaboradores em várias regiões do Estado. Com essa atividade, obteve amigos e inimigos. Esses últimos fizeram com que o ecologista fosse demovido de seu cargo por exercê-lo gratuitamente.

Em 1953, passou a escrever artigos para o Suplemento Rural do Correio do Povo. Ele publicou mais de 300 crônicas para o veículo até 1963. Seus textos eram incisivos e abordavam temas recorrentes, como queimadas, caça ilegal, desmatamento e reflorestamento, escassez de peixes, poluição industrial, arborização urbana, questão indígena, crescimento descontrolado das cidades. Em 1° de janeiro de 1955, tornou-se fundador e principal ativista da provável primeira entidade ambientalista do Brasil – a União Protetora da Natureza (UPN).

A Fepam (instituída pela Lei 9.077/1990 e implantada em dezembro de 1991) tem suas origens na Coordenadoria do Controle do Equilíbrio Ecológico do Rio Grande do Sul, criada na década de 70, e no antigo Departamento de Meio Ambiente da Secretaria de Saúde e Meio Ambiente, hoje Secretaria Estadual da Saúde. Também é fruto da atuação de Roessler a criação de ONGs como Agapan (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural), Upan (União Protetora do Ambiente Natural) e Movimento Roessler para Proteção Ambiental.

Como testemunha de uma natureza ainda pouco afetada pelas ações do Homem, Roessler observou com pesar o avanço do desmatamento, da fumaça das queimadas, do despejo de resíduos nas águas de mares, lagos, rios e arroios. O processo crescente de degradação do Rio dos Sinos, por onde chegaram ao Brasil os primeiros imigrantes alemães, e também de outros mananciais gaúchos, era motivo de enorme desgosto:
“No verão, quando seu volume d’água fica muito reduzido e não existe correnteza, esse rio (dos Sinos) apresenta todos os característicos de maciça contaminação, tornando-se a água suja, grossa e malcheirosa de tanta imundície que carrega. Atinge tal grau de saturação de matérias orgânicas e fecais, resíduos cloacais e industriais, substâncias químicas tóxicas e ácidas, que mata não apenas os peixes, mas o consumo dessas águas fortemente poluídas ou um simples banho no rio também oferecem sério perigo à saúde e até a vida de quem delas se serve”, escreveu em 1958.

Henrique Roessler faleceu em 14 de novembro de 1963, não tendo acompanhado e nem combatido o avanço dos agrotóxicos e da monocultura no setor agrícola brasileiro, patrocinado pela chamada Revolução Verde.

Fonte: Semas

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