Movimento Roessler

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Defesa
O Movimento Roessler para Ambiental está preocupado com a possibilidade de que a fábrica de vidro que a empresa Cisper está instalando em Campo Bom traga sérios problemas à população daquele municipio e também a moradores de Novo Hamburgo.

Na última terça-feira, o coordenador do Movimento Roessler. Sergio Rolim, esteve em Tapes, verificando os danos que uma subsidiária da Cisper está causando nas margens da Lagoa dos Patos, e entrou em contato com técnicos da Coordenadoria de Controle do Equilibrio Ecológico da Secretaria Estadual da Saúde e do Meio Ambiente. A eles, Rolim perguntou sobre as providências que a empresa está adotando para evitar a poluição da fábrica.

As informações obtidas, segundo Rolim, não bastaram para tranqüilizar. A coordenadoria recebeu, há cerca de um mês, um projeto industrial que inclui os equipamentos que servirão para controlar a poluição que a fábrica pode provocar. Entretanto, segundo afirmaram os técnicos Lidio Nunes, Richard Perrit e Laércio Camargos, à nossa reportagem, os dados enviados pela empresa foram insuficientes. Novas informações terão de ser solicitadas para que se possa medir a capacidade da fábrica de evitar a poluição. Além disto, algumas informações fornecidas à Coordenadoria de Controle do Equilíbrio Ecológico suscitaram dúvidas.

LAGO
No projeto industrial a empresa afirma. por exemplo, que os restos que forem eliminados através da água serão levados a um lago situado ao lado da fábrica. Deste lago, já purificada, a água correria para o rio dos Sinos, através de uma sanga natural.
A dúvida, no caso, está no fato de que não existe lago em área contigua à da indústria. Isto, segundo os técnicos, lhes trouxe preocupações. A empresa pode estar pretendendo utilizar os banhados próximos ao rio dos Sinos para purificar a água, mas se fosse este o caso isto deveria a ter ficado claro no projeto industrial.

É possível que demore algum tempo ainda, para que os técnicos possam dar seu parecer sobre a potencialidade poluidora da fábrica de vidro. Em geral, este . trabalho pode ser feito em 30 ou 60 dias, diz Lidio Nunes. Entretanto, não há como marcar prazos porque tudo depende dos dados que a empresa fornece. Quando eles são insuficientes, como no caso da Cisper, é necessário mais tempo para solicitar novos dados.

PREOCUPAÇÃO ANTIGA
De acordo com Rolim, há muito tempo o Movimento Roessler preocupa-se com a poluição que a Cisper poderá causar.

A primeira razão desta preocupação é o tamanho da indústria. Quanto maiores são as dimensões de uma fábrica, explica Rolim, maiores são as possibilidades de que ela cause danos ao meio ambiente. Também foram recebidas diversas informações de pessoas que se preocupavam com o problema.
Por esta razão, o Movimento Roessler iniciou um trabalho de investigação, em novembro do ano passado. O objetivo era verificar se a empresa tinha um projeto de controle de poluição e até que ponto ele era eficiente o bastante para evitar danos ao meio ambiente.
O principal motivo de preocupação, en-
tretanto, foram as informações extraídas de uma palestra de um técnico paulista, Luiz Bocardi, da Comercial Vidraria San- ta Maria. Este técnico explicou que uma fábrica de vidro que trabalha com 240 to- neladas de areia por dia, usando um filtro com eficiência de 80 por cento, solta diariamente no ar 14,4 toneladas de areia; 4.3 toneladas de soda cáustica e 5,8 toneladas de outros materiais utilizados na produção industrial de vidro.
A fábrica da Cisper, entretanto, é gigan- tesca e pretende trabalhar com 600 toneladas diárias de areia. Neste caso, com um filtro de 80 por cento de eficiência, jogaria no ar, ainda assim, 36 toneladas de areia. 10.75 toneladas de soda cáustica e 14,5 toneladas de outras substâncias, todos os dias. Cabe notar, ainda, que o técnico paulista considera quase impossível conseguir um filtro de eficiência tão grande e que, além dos materiais já indicados, a indústria também pode desprender enorme volume de gás carbônico, que é altamente tóxico.

METAL CORROÍDO
O problema mais alarmante, no caso destes cálculos estarem corretos, é a deliberação da soda cáustica no ar. Esta substância ataca metais, corroendo estruturas de ferro e telhados de alumínio, por exemplo.
Mais grave do que isto é o fato de prejudicar diretamente o homem. A soda cáustica, segundo Rolim, além de ser tóxica, corrói os tecidos que formam os órgãos dos seres humanos.
A areia não causa problemas diretos à saúde, mas polui pela enorme quantidade que pode ser jogada no ar, na forma de pó fino. Entre os outros materiais também se incluem substâncias corrosivas.

SEM GARANTIAS
Rolim não afirma que estes problemas sejam inevitáveis. É possível que a Cisper tenha formas de contê-los. O que se deseja, diz ele, são garantias. Ele lembra, entretanto, que mesmo que a eficiência da filtragem seja de 99 por cento, a indústria poderá estar lançando uma grande quantidade de poluentes no ar: 1.800 quilos de areia; 537 quilos de soda caustica e 732 quilos de outros materiais..

 

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