45 anos resumidos numa estampa
Há tantos anos eu crio as artes para muitas das nossas camisetas e isso me deixa honrada pela confiança que o grupo deposita em mim e também porque durante longos anos convivo com pessoas maravilhosas, dividindo e somando na amizade, cumplicidade, amorosidade, confiança, sintonia e trabalho pelas causas de grande valor à vida!!!
Neste ano trabalhei com o conceito: “A relação entre as árvores pode ser entendida pelo seu nome científico. Por exemplo, a pitangueira, gênero Eugenia, espécie uniflora. Ela ocorre em boa parte do país e pode ser reconhecida apenas pelo seu nome popular e sempre será uma pitangueira.
Ao reconhecermos um indivíduo, estamos reconhecendo todos da mesma espécie, que podem viver perto ou bem longe um do outro.
A ciência dá os nomes e as pessoas sentem orgulho em saber. Sendo assim, de certa forma, quando nos deparamos com um indivíduo e ficamos interessados em reconhecer, é uma conexão que se estabelece, remete às memórias, nos sentimos acompanhados.
Esse reconhecer equivale a um abraço.
Bate uma alegria, amorosidade e vem uma sensação de que a planta sente o mesmo e isso volta pra nós. Uma conexão natural, ancestral”.
Considerações do nosso amigo e companheiro de jornada, Julian Mauhs, biólogo, a partir da teoria de Lineu, sobre Taxonomia binomial, que se refere ao gênero e epíteto específico de toda e qualquer espécie.
A inspiração – A partir desse conceito e com a licença poética, sinto que as plantas se conectam entre si, mesmo com suas diferenças científicas, e mais, se tratando das que convivem num mesmo espaço, se reconhecem, podem ser amigas ou até ter incompatibilidades.
E assim como se conectam entre si, nós, ao nos interagirmos com uma, é como se estivéssemos abraçando todas!
Portanto, quando sentimos e transmitimos amor a um ser, seja planta, animal, pessoa, é como se estivéssemos abraçando e amando todas e todos. O que pra mim, são os momentos de sentir o amor universal.
A partir de tudo isso surgiu a inspiração pra esse trabalho, que tem folhas e vestígios de várias espécies, formando apenas uma árvore.
Uma forma harmoniosa de convívio e aceitação das diferenças.
E a menina no balanço somos nós….
Sobre a técnica – Colagem e desenho sobre papel. Vestígios da corticeira e da açaí juçara. Folhas de abacateiro, mangueira, jaqueira, amexeira, jabuticabeira, jambeiro, guabirobeira, pitangueira, caramboleira, espatódea, figueira e manacá da serra.
Menos a corticeira, todas as folhas e vestígios são do mesmo espaço, no caso, a nossa casa – minha e do Cláudio.
Silvana Santos
Ilustradora