Movimento Roessler

roessler@movimentoroessler.org.br

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Direitos da Natureza

Como algumas pessoas sabem eu trabalho e estudo Astrologia há uns 30 anos e nos últimos cinco anos tenho me interessado muito pelos grandes ciclos planetários que o planeta Terra atravessa caracterizando momentos de mudanças importantes.

Quero me ater a duas situações e costurar umas reflexões com vocês:

Primeiro: os signos de Aquário e Peixes – que são os mais coletivos da roda Zodiacal, que inicia em Áries (o mais pessoal, que só conjuga verbos na primeira pessoa do singular) e termina em Peixes (que tudo dissolve) para novamente iniciar a próxima roda com Áries à frente.

Segundo: os planetas Urano e Netuno, que são os mais lentos na sua trajetória ao redor do Sol, demoram 84 e 164 anos respectivamente.

Astrologicamente, Aquário e Urano simbolizam, entre outras coisas, o novo que vem pra derrubar o que está impedindo a compreensão mais ampla da vida. Peixes e Netuno simbolizam a dissolução de limites, compaixão, inclusão, entre outros significados.

Cada vez que um destes planetas transita por um destes signos temos alterações, com mudanças que afetam o coletivo. Vou dar uns exemplos para deixar mais claro.

Netuno esteve em Peixes de 1848 a 1862.

Neste período nasceram Joaquim Nabuco (1849-1910), fundador da “Academia Brasileira de Letras” e articulador dos ideais antiescravistas e o jornalista e ativista político José do Patrocínio (1853-1905), que colaborou com a campanha pela abolição da escravatura no Brasil e, ao lado de Nabuco, fundou a “Sociedade Brasileira Contra a Escravidão” em 1880. Ambos tinham em seus Mapas Astrológicos Netuno em Peixes – dissolver limites, inclusão – e a isso se dedicaram beneficiando coletivamente a comunidade brasileira.

“O livro dos espíritos, “publicado em 1857, marca o nascimento da Doutrina Espírita e inicia a Codificação Espírita organizada por Allan Kardec. Se borram os limites entre vivos e mortos.

Uma das primeiras lições de ecocentrismo se encontra na carta escrita em 1854, pelo cacique de Seattle, em resposta ao presidente dos Estados Unidos da América: “Nós somos uma parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs. O cervo, o cavalo, a grande águia são nossos irmãos. As rochas escarpadas, o aroma das pradarias, o ímpeto dos nossos cavalos e o homem — todos são da mesma família.”

Netuno esteve em Aquário de 1998 a 2012

Os Direitos da Natureza é um movimento que começa pelo reconhecimento dos direitos indígenas (como a Constituição Brasileira de 1988) e culmina com as constituições do Equador de 2008 e da Bolívia de 2009. Baseando-se nos interesses culturais dos povos locais, reconheceram os direitos da natureza de forma efetiva, de maneira até mesmo a elevar a Pachamama (natureza) como sujeito de direitos. Esta mudança paradigmática propõe a transição de uma visão antropocêntrica para uma ecocêntrica ao defender uma perspectiva relacional mais harmônica entre as pessoas e a Natureza; uma perspectiva que rompe com o modelo utilitarista no qual os humanos consideram a Natureza mero recurso apropriável e na qual os seres humanos e não humanos se reconhecem como membros de uma mesma comunidade Planetária.

Netuno está em Peixes desde 2012 e ficará até 2026

Temos oportunidade de ampliar o movimento do ecocentrismo já manifestado na passagem anterior, de ir além de limites que impuseram “nós aqui, a natureza lá”, de reconhecermo-nos como todos e todas pertencentes a uma só raça – a humana – que coabita o mesmo planeta.

Vejam, por exemplo, as manifestações contra uso de animais em testes de laboratório ou as duras críticas, chegando a pedidos de abdicação do Rei Juan Carlos – na Espanha – por conta de suas caçadas a elefantes em abril de 2012.

Outra área onde os limites são dissolvidos, ou quase, é a lei de cotas, instituída em 2012, que cria oportunidades para que cidadãos e cidadãs brasileiras que não tiveram acesso à educação de qualidade por conta de serem oriundos de famílias onde quase sempre a cor da pele é o que abre ou fecha portas, possam estudar em universidades federais e assim conquistar um lugar de igualdade.

Nesta nova passagem de Netuno por Peixes a configuração astrológica não é exatamente a mesma de 160 anos atrás, mas temos um aliado importante: Urano – aquele que derruba o que está ultrapassado pra que nossa compreensão se amplie – está no signo de Touro, signo do elemento terra, simbolizando novos usos dos bens coletivos, entre eles usos não degradantes, não só utilitários do planeta. E que deem voz ao que esteve na periferia da importância até agora.

“A vida não é útil”, título de um livro de Ailton Krenak, resume bem o que me levou a escrever estas considerações para refletirmos juntos e juntas. O que Netuno em Peixes sugere, simboliza, provoca, é sonharmos coletivamente, nas palavras de Krenak, que o futuro é ancestral. A sabedoria de tudo que sempre esteve no planeta e que não aponta para nenhuma espécie em particular pode ser nossa guia na dissolução de limites, na vivência da compaixão, de honrar os direitos de tudo, de todos e todas, e urgentemente agora os Direitos da Natureza.

Ligia Brock

Astróloga

NOS ACOMPANHE
NAS REDES SOCIAIS
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
Compartilhe
Pular para o conteúdo